Os moinhos de vento do Corvo, de características únicas nos Açores, são moinhos fixos de pedra ou “de torre”, na variante designada por continental sul, por semelhanças aos que existem naquela zona do Continente português. A par das atafonas, da mó manual e do moinho de maré, embora este último com reduzida utilização, os moinhos de vento eram os mecanismos de moagem que a comunidade tinha ao seu dispor.
Associados aos caminhos das chamadas terras de baixo, na ilha existiram seis exemplares conhecidos, construídos em finais do século XIX e início do século XX, e dos quais subsistem três, no Caminho dos Moinhos, junto à Ponta Negra. De corpo troncocónico, dois estão rebocados e caiados, enquanto o terceiro apresenta aparelho em pedra solta e despida. Das suas coberturas em madeira, emerge o mastro das varas que dá suporte ao velame, em formato triangular e feito de pano. Estas coberturas, localmente designadas de carapuças, são de formato cónico e giratório, o que permitia orientar o mastro e o velame conforme a direção do vento. Os três moinhos estão implantados em embasamento de pedra – o archete –, a cota mais elevada do terreno circundante, com vista a beneficiar do vento que, em determinadas alturas do ano, atinge proporções particularmente elevadas.
O mecanismo de moagem, ou engenho, estava instalado de forma a permitir que fosse operado apenas por uma pessoa; foram vários os moleiros na ilha do Corvo, sendo que o seu trabalho era pago em género: por cada alqueire, o equivalente a dez quilos, era-lhe devida uma quarta parte, designada localmente de quarta; os sacos – a moenda – com o cereal eram deixados à porta do moinho e, depois de moído, recolhido pelo proprietário.
Em 2013, a autarquia procedeu à recuperação dos mecanismos no interior de cada moinho, tornando-os novamente funcionais, contribuindo para a sua salvaguarda e valorização e foi feita uma intervenção da zona envolvente que permitiu criar um espaço de lazer e contemplação e ainda a instalação de painéis interpretativos.