As eiras são construções utilitárias de teor agrícola que cumprem funções de secagem e debulha dos cereais.
O Corvo teve em tempos 39 eiras, das quais ainda é possível observar 25 exemplares. A existência de tantas eiras num espaço tão exíguo como é a Vila do Corvo dever-se-á à necessidade de produzir alimento, pois os cereais estavam na base da alimentação dos ilhéus. Além disso, os corvinos pagavam o imposto em género que chegou a ser 40 moios de trigo anuais. A disponibilidade de rocha a partir da qual se talhavam as lajes para o pavimento das eiras e do calhau rolado que as delimita facilitou a construção de tão importante recurso.
As eiras eram os espaços de debulha do trigo e onde se malhava o tremoço e o feijão ou se colocavam para secar outros cereais, abóboras ou até sargaço. Era também nas eiras que se faziam as rodas de Chamarrita, matanças ou até brincadeiras entre crianças da vizinhança. A sua dimensão dependeria do terreno disponível para a sua construção e não se verifica, aparentemente, qualquer relação entre o tamanho da eira e as posses dos seus donos. A localização destes elementos, quase na sua totalidade no Núcleo Antigo, está diretamente relacionada com a proximidade do local de produção (terras de baixo) e com a sua posição relativamente aos ventos, já que depois de debulhado, o trigo era joeirado com a ajuda do vento.
Na maioria dos casos as eiras tinham mais do que um proprietário; As famílias que não possuíam eiras solicitavam o seu empréstimo a outras famílias, usando-as sem recorrer a qualquer forma de pagamento.
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