Caminhos da Memória

Caminhos da Memória

Ilha do Corvo
O programa “Caminhos da Memória – Memórias de Futuro”, desenvolvido no âmbito do projeto PRORURAL+, integra as funções de documentação, investigação e interpretação dos valores culturais e naturais do Corvo, contribuindo para reforçar a identidade cultural da comunidade, revitalizando a relação desta com o seu espaço geográfico - "espaço humanizado". Constitui, assim, um convite à exploração, à valorização e à vivência do património corvino na sua complexidade, evidenciando as interligações entre o património natural e o cultural (material e imaterial), histórico, paisagístico que derivam, no fundo, das formas que o corvino foi encontrando para se adaptar à ilha.
O património natural, cultural (material e imaterial), histórico e paisagístico do Corvo integram um complexo mosaico que só pode ser apreendido, entendido e vivenciado in loco, percorrendo o território. O espaço e o tempo são as duas coordenadas que sustentam esses elementos patrimoniais e os tornam inteligíveis.
MEMÓRIA E TERRITÓRIO
O património natural, cultural (material e imaterial), histórico e paisagístico do Corvo integram um complexo mosaico que só pode ser apreendido, entendido e vivenciado in loco, percorrendo o território. O espaço e o tempo são as duas coordenadas que sustentam esses elementos patrimoniais e os tornam inteligíveis.

Ocupação do território

A sobrevivência de qualquer comunidade depende da sua adaptação ao território que ocupa, da sua capacidade em transformar esse território e ser, simultaneamente, transformado por ele. Essa simbiose define a cultura de um lugar e de uma comunidade e o processo não foi diferente na ilha do Corvo. Se por um lado, a geomorfologia da ilha ditou uma divisão quase natural entre as terras de cima e as terras de baixo, separadas por um morro que se ergue imponente a norte da fajã lávica onde o povoado se implementou, por outro, a procura pela respostas às questões fundamentais de abrigo, alimento e agasalho, ditou a ocupação do território e uso do solo que vemos patente na paisagem corvina.

Na fajã lávica, implementou-se a Vila do Corvo a este, onde os terrenos são mais rochosos e, como tal, menos férteis, assegurando o abrigo; a oeste, constituíram-se as terras de baixo, destinadas ao cultivo dos cereais, hortaliças e legumes, que garantiam o alimento. Na zona mais alta da ilha constituiu-se o baldio, onde as ovelhas pastavam e onde cresceram exponencialmente em número assegurando a lã para o agasalho dos corvinos.

Com o crescimento da população foi necessário também cultivar nos terrenos mais elevados, as terras de cima, permanecendo o baldio para a criação de gado. As hortas de fruto ficaram relegadas à vertente oriental, mais abrigada dos ventos fortes de noroeste.

A partir dos anos 60 do século XX, a Vila abre-se para oeste e vai ocupando parte das terras de baixo.

BALDIO

Baldio é um terreno de uso comum, com existência legal definida, para o arquipélago dos Açores, pelo menos desde 1772. No Corvo encontramos documentação remontante a 1855 que indica que o baldio seria pertença de todo o concelho, sendo que, em atas camarárias verificam-se referências à incumbência municipal de zelar pela correta exploração do mesmo.

Na transição para o século XX, com a extinção do concelho, pelo Decreto de 18 de novembro de 1895, e posterior restituição do mesmo, em 1898, verificou-se uma mudança no formato de gestão, com indicação das responsabilidades a passarem para a Junta da Paróquia, que terá correspondido, após a implantação da República, à Junta de Freguesia de Nossa Senhora dos Milagres.

O Baldio ocupa um terço da ilha, cobrindo uma área aproximada de 6km2 (600 hectares), junto às Terras de Cima. É ainda hoje um resquício do comunitarismo que pautou a vida dos corvinos a maior parte da sua existência, circundando o Caldeirão e estendendo-se a partir dele, sem muros de pedra seca e sem caminhos fisicamente delimitados, mas que os que dele fazem uso, conhecem e percorrem como se esses caminhos lá estivessem. Aqui todo o gado, que na ilha é maioritariamente bovino, pode pastar livre todo o ano.

TERRAS DE CIMA

Com o crescimento da população que atingiu o seu máximo em 1862 com 942 habitantes, tornou-se necessário aumentar a área de produção que se cingia às terras de baixo, sendo neste contexto que se transformará a paisagem nesta zona. Seriam também estes os terrenos onde foi explorada a junça (Cyperus esculentus), que cumpriu uma função fundamental para a subsistência da Vila, em tempos mais remotos, quando o trigo era escasso. Os palheiros e restantes estruturas de apoio à agropecuária marcam também eles a paisagem que hoje é predominantemente de pasto, contrastando com o negro dos muros de pedra seca que delimitam a propriedade dos terrenos e abrigam do vento o gado ou os cultivos que existiram um dia. Os terrenos apresentam áreas muito superiores aos das terras de baixo, atingindo em alguns casos os 11.000m2, mas também é possível encontrar pequenas parcelas, com áreas a rondar os 100m2.

TERRAS DE BAIXO

Implementadas a oeste da fajã lávica, estas são pequenas parcelas, cujas áreas variam entre 70 e os 740m2, delimitadas por muros de pedra seca que ajudavam a abrigar dos ventos os cultivos; cumpriam um propósito funcional relacionado com o quotidiano das famílias e com a produção de cereais, nomeadamente o trigo, que coabitava com a batata, a couve, a cenoura, a abóbora, o agrião, a cebola, o melão, a melancia, entre outros, cuidados principalmente pela mão das mulheres corvinas; o salgueiro é também abundante nesta zona e teria dupla função – abrigar as terras mais próximas da linha de costa e servir como lenha, que sempre foi escassa na ilha. A construção do aeroporto e das suas infraestruturas atingiu de forma particular esta zona, sacrificando uma parcela substancial destes terrenos; atualmente ainda é possível encontrar várias parcelas cultivadas e outras em desuso, vítimas da passagem do tempo, da evolução do modo de vida e das acessibilidades que garantem um abastecimento exterior.

NÚCLEO ANTIGO - NACV

Implementado a este da fajã lávica, única zona da ilha com acesso próximo ao mar, onde os terrenos rochosos eram menos férteis e mais abrigados dos ventos fortes predominantes de noroeste, o Núcleo Antigo da Vila apresenta-se como um intricado labirinto de ruas e canadas onde estão dispostas as casas, num aglomerado que recorda as aldeias no norte de Portugal. Conseguir um maior aproveitamento do terreno disponível e em simultâneo dificultar a vida aos invasores, ditou a organização do espaço nesta zona. Limitado a uma área de aproximadamente 0.07km2, cujo limite é a Rua da Matriz, encontramos as casas com as suas fachadas viradas a sul, numa tentativa de garantir maior exposição solar e visibilidade para a comunidade mais próxima – a vizinha ilha das Flores –, com os logradouros que se estendem ao longo da fachada e com a empena orientada para a via de circulação. Até meados da década de 60 do séc. XX, as poucas casas que se encontravam fora deste Núcleo pertenciam ao Padre, ao Cura e ao professor.

Elementos patrimoniais

Apoio à agropecuária

Apoio à agropecuária

A agricultura e a pecuária foram, desde sempre, atividades de subsistência da comunidade corvina (...)
Arquitetura da água

Arquitetura da água

Logo nos primórdios da criação da urbe os corvinos tiveram de conduzir a água desde as terras de cima até o povoado (...)
Arquitetura religiosa

Arquitetura religiosa

São vários os exemplares de arquitetura religiosa que atestam o caráter profundamente religioso do ser corvino (...)
Arquitetura vernacular

Arquitetura vernacular

A casa do Corvo resulta de um conjunto de transformações e aperfeiçoamentos que ocorreram ao longo do tempo (...)
Atafonas

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O mecanismo de moagem de uma atafona assenta na utilização da tração animal (...)
Ciclo da lã

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A produção da lã teve um papel estruturante na vida dos corvinos gerando elementos culturais icónicos (...)
Covas de junça

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Eiras

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O Corvo chegou a ter 36 eiras, construções utilitárias de teor agrícola, que visam a secagem e debulha de cereais (...)
Fabrico da manteiga

Fabrico da manteiga

A fábrica da manteiga das pias da canada testemunha a incipiente atividade industrial do Corvo (...)
Fortaleza

Fortaleza

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Mó pastel

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Existe no Corvo uma rara pedra de engenho de pastel que testemunha uma das primeiras atividades económicas do arquipélago (...)
Moinho de maré

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O moinho de maré do Caldeirão apresenta uma tipologia distinta de todos os restantes conhecidos nos Açores (...)
Moinhos de vento

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Os moinhos de vento do Corvo são de uma tipologia única nos Açores (...)
Património baleeiro

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Relheiras

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Estes sulcos criados pelo trânsito secular de carros de bois revelam a intensidade da atividade agrícola no Corvo (...)

Acervo Documental

Acervo Fonográfico

Acervo Fotográfico

Acervo Videográfico

Links úteis

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    "Website com excelente conteúdo, muito elucidativo. Gostei muito da forma como está estruturado, fácil navegação e muito intuitivo"

    Catarina Rocha, Portugal.
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    O website caminhos de memória, vem colmatar uma falta de informação sobre a ilha do corvo que é extremamente importante, não só para quem nos visita, mas para todos os açorianos. Parabéns pelo projeto.

    Nuno Parreira, Portugal.