Na ilha do Corvo a criação e transformação dos caminhos refletem o crescimento da comunidade, a evolução dos hábitos de vida e as mudanças no aproveitamento do solo.
Na fajã lávica os caminhos trilharam-se com objetivos distintos: a este, no Núcleo Antigo da Vila, desenvolveu-se uma intrincada rede de ruas e canadas, num sistema quase labiríntico, onde as vias de circulação servem o acesso às casas, às eiras, às atafonas, aos chafarizes ou aos lugares de culto e de convívio, concentrados numa área de cerca de 0,05km2; a oeste, os caminhos de acesso aos terrenos de cultivo, aqui designados terras de baixo, que se estendiam na direção este-oeste, ramificando-se a partir daí em pequenos atalhos; a partir dos anos 60 a Vila vai estender-se para oeste numa configuração mais ampla, de ruas mais largas e edifícios de maior dimensão e a pista de aviação, que atravessa a fajã ao longo dos seus pouco mais de 800 metros na direção este-oeste, transformou a paisagem nesta zona, mantendo-se a estrada que a circunda com algumas ramificações que permitem aceder às terras.
Rua do Rego, Rua do Porto da Casa, Rua das Pedras, Rua da Fonte, Rua da Matriz, Canada do Maurício, Canada de Luísa, Canada do Conceição Miguel, Canada do Manquinho, Canada da Furnina e a Canada do Graciosa, junto com o Largo do Outeiro, Largo do Maroiço, Largo da Vigia e o Largo da Cancela, compõem o Núcleo Antigo de Vila do Corvo; a Avenida Nova, a Avenida dos Ex-combatentes, Rua do Jogo da Bola, Rua Capitão Joaquim Pedro Coelho, Rua Padre Eugénio Coelho de Rita, Rua da Cruz, Rua Manuel das Pedras Rita, Caminho da Várzea, Caminho dos Moinhos e a Estrada do Caldeirão resultam já do crescimento da Vila, referido anteriormente.
A Estrada do Caldeirão, construída em 1955 e asfaltada 40 anos depois, tal como o nome indica, liga a fajã lávica ao Caldeirão - uma cratera de abatimento com 2,3 x 1,9 km de dimensão e com uma profundidade máxima de 305 metros – e conduz às terras de cima e às hortas de fruto.
Toda esta zona, que se situa entre os 200 e os 720 metros de altitude em relação ao mar, era percorrida outrora, através de uma não menos intricada rede de caminhos e atalhos, que são hoje desconhecidos da maioria, exceto dos agricultores que deles ainda fazem algum uso ou fizeram outrora. Ribeiras, poços e nascentes, estruturas de apoio à agricultura como os palheiros ou a Casinha Velha, estruturas ligadas ao fabrico da manteiga, covas de junça, vigias da baleia e hortas de fruto, estendem-se ao longo desses caminhos como o do Zimbral, Junçalinho, Roça, Calçadas, Fonte, Velha, Coroa do Pico, Ribeira da Vaca, Ribeira da Saída, Manuel Verde, Lomba do Galvão, Feno, Tabaiba, Engenho, Fundão, Quarteiro, Poço de Água, Figueira da Rocha e Pico João de Moura.