A produção de derivados de laticínios encontra-se enraizada na cultura açoriana, sendo possível encontrar variações da mesma um pouco por todo o arquipélago. Ainda que a mais comum seja a de queijo, a produção de manteiga enquadra-se numa tradição e herança cultural que associamos, de forma intrínseca, ao Grupo Ocidental. A sua produção remonta, tradicionalmente, a uma forma de conservar o excesso de leite, em comunidades de intensa atividade agropecuária como o Corvo no início do século XX.
Ainda hoje se encontram diversos elementos patrimoniais, móveis e imóveis, associados à atividade, a maioria nas terras de cima. A escolha dos locais para a edificação dos imóveis prendeu-se com as temperaturas necessárias para a preservação do produto, bem como com a predominância de cursos de água, ainda que sazonais, fundamentais para o processo de confeção.
As primeiras infraestruturas de fabrico de manteiga situavam-se na Fonte Doce e na Fonte do Trevo, e a desnatação do leite era feita na Ribeira da Lapa (apenas da primeira não restam vestígios). Em 1919, dá-se a criação da principal fábrica que laborou na ilha, sita na Canada do Zimbral, junto às Pias da Canada, implantada por iniciativa do florentino Maurício de Fraga, ligado à indústria na ilha vizinha. É neste edifício que encontramos ainda alguns dos equipamentos utilizados na produção da manteiga.