Covas de junça

A junça (Cyperus esculentus) é um tubérculo de alto valor nutricional, atualmente considerada um superalimento, que foi produzida em todas as ilhas dos Açores tendo desaparecido nos séculos XIX e XX, sendo que no Corvo foi onde perdurou até mais tarde.

Em certo período histórico, a dramática situação económica em que viviam os corvinos à época, obrigava-os a alimentarem-se dos tubérculos de junça. Em maus anos agrícolas, pagos os quarenta moios de trigo, as poucas “sementes” que sobravam eram guardadas para a sementeira do ano seguinte. Por esse motivo, a junça permaneceu na memória dos corvinos como algo associado à miséria de um tempo de exploração em que se viam obrigados a comer o mesmo alimento que davam aos seus porcos. Apenas em meados do século XX é que o cultivo de junça irá desaparecer na ilha.

Para o armazenamento da junça produzida, os corvinos utilizavam uma técnica comum no resto do arquipélago, abrindo “covas” no subsolo, que serviam para preservar o cereal ou, neste caso, o tubérculo, longe de roedores e outros animais predatórios, e dos assaltos de corsários e de piratas. A sua tipologia assentava numa escavação em forma de ânfora, ou talhão, com a abertura mais estreita, a ser coberta por uma laje de pedra e coberta com terra, não só para ocultar a tampa, mas também para garantir que a cova estaria bem selada.

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