Arquitetura religiosa

Na ilha do Corvo são pontuais os exemplares de arquitetura religiosa, com especial destaque para a Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Milagres e para a Casa do Espírito Santo, mas sem descurar os nichos, cruzeiros e pequenos oratórios que se encontram nas terras de cima e nas terras de baixo.

Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Milagres

A atual Igreja Matriz, sob a invocação de Nossa Senhora dos Milagres, foi edificada em 1795. Essa edificação remonta, entretanto, a outra anterior, erguida entre 1684 e 1695. Sabe-se que esse primeiro templo erguido na ilha se tratou de uma pequena ermida junto ao mar, sob a invocação de Nossa Senhora do Rosário, invocação que transitará para a nova igreja, até ao século XVIII.

O atual templo foi mandado construir pelo Visitador em 1675 aquando da 3ª Visita Pastoral, o que virá a concretizar-se 20 anos depois, em 1695. Embora com melhorias a serem feitas ao longo das décadas seguintes, é a partir desta data que os corvinos passam a utilizar o seu novo lugar de culto, cuja conclusão terá acontecido em 1795, um século mais tarde.

É de 1712 a primeira referência à paróquia de Nossa Senhora dos Milagres, até então paróquia de Nossa Senhora do Rosário. Para compreender esta mudança é necessário atentar ao imaginário da comunidade, pois são várias as lendas associadas à imagem da Padroeira, que lhe conferiram o epíteto de milagreira, desde o seu achado na baía, trazida pelo mar, ao seu papel milagroso na vitória dos corvinos sobre piratas berberes que tentaram atacar a ilha, passando pela sua ida a Lisboa, durante a qual todas as noites voltaria para junto dos corvinos.

A 4 de novembro de 1932, deflagrou no templo um violento incêndio que deixou apenas as paredes de pé. Perderam-se inúmeras alfaias, salvando-se, entretanto, a imagem da padroeira. As obras de reconstrução tiveram início em 1933. Ter-se-á perdido neste incêndio o breviário da Igreja, onde os párocos da ilha terão registado, ao longo dos tempos, os acontecimentos mais marcantes da comunidade.

Casa do Espírito Santo

A Casa do Espírito Santo foi edificada em 1871, seguindo a traça arquitetónica das suas congéneres, na Ilha das Flores. Localizada no Largo do Outeiro, outrora o coração da Vila, é o único edifício ali que mantém as suas funções originais. Serviu também como Mesa de Voto em diversas eleições ocorridas antes e depois da Revolução de Abril, para a Presidência da República e para a Assembleia Nacional ou Assembleia da República; sempre que a Igreja é intervencionada, as homilias são transferidas para este espaço. O culto, enraizado na comunidade corvina, continua a ser celebrado, com algumas transformações resultado da passagem do tempo. A Festa do Divino Espírito Santo acontece anualmente no 7.º Domingo depois da Páscoa, celebrando-se com uma procissão seguida de missa solene com coroação e sopas do Espírito Santo onde toda a população comparece; no 2.º fim-de-semana de julho tem lugar a festa profana, com arraial, restauração, artistas e convidados, havendo no Domingo, mais uma vez, a procissão com coroações e o bodo de leite.

Nossa Senhora do Bom Caminho

Trata-se de um oratório situado no início da estrada que sai da vila rumo ao Caldeirão, cuja bênção ocorreu a 31 de maio de 1964. Sob a invocação de Nossa Senhora do Bom Caminho, a imagem encontra-se voltada para a vila. Em seu louvor, uma procissão anual sai da Igreja Matriz até ao local, seguida da missa campal e um animado arraial, que encerra as festas religiosas de Verão da ilha, no segundo fim de semana do mês de setembro.

Nicho de Santo Antão

Trata-se de um oratório situado aos Lagos, subindo a Canada da Fonte Velha. Sob a invocação de Santo Antão - padroeiro dos animais e dos lavradores -, a sua festa é celebrada, anualmente, a 18 de janeiro, com uma romaria até ao local, quando a imagem é enfeitada com flores e folhas de fetos (frondes). Recorde-se ainda que alguns dos primeiros povoadores do Corvo, no século XVI, foram escravos oriundos da ilha de Santo Antão, no arquipélago de Cabo Verde.

Cruzeiro do Rego de Água

Trata-se de um oratório inserido num muro de pedra seca, no caminho para o Caldeirão. Remonta ao século XVIII, e é constituído por um elemento retangular de cantaria que contém um nicho com arco de volta perfeita emoldurado e rematado por uma cornija.

Para conhecer os detalhes do culto veja-se SILVA (2018).

Ficha 91.11.26 – Cruzeiro do Rego de Água. In BRUNO, Jorge Augusto Paulus (coord.) (2001). Inventário do Património Imóvel dos Açores: Vila Nova - Corvo. s.l. [Angra do Heroísmo], Direcção Regional da Cultura; Instituto Açoriano de Cultura; Câmara Municipal de Vila do Corvo. "Nos três Concelhos das Ilhas das Flores e Corvo preparam-se entusiasticamente grandes festejos para a Recepção da Veneranda Imagem: A Vila de Nossa Senhora do Rosário será fechada com portas simbólicas". As Flores, ano XIX, n.º 938, 26 jun 1948. p. 2. Ver também: "Recepção de Nossa Senhora de Fátima". As Flores, ano XIX, n.º 940, 10 jul 1948. pp. 1-2.

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